26 de maio de 2011

Rainha dos Céus

Novamente trago em minha postagem um tema relacionado a antigas deidades, desta vez venho falar da Rainha dos Céus, título que pode nos parecer familiar. Este, no entanto, era o título duma deusa adorada pelos israelitas - sim! pelos israelitas - por volta do 6º século a.C..
Embora estivessem envolvidas primariamente as mulheres, pelo visto a família toda participava de algum modo na adoração da Rainha dos Céus. As mulheres coziam bolos sacrificiais, os filhos ajuntavam a lenha e os pais acendiam as fogueiras. A adoração desta deusa exercia forte influência sobre os judeus e isto se reflete no fato de que aqueles que haviam fugido para o Egito após o assassinato do governador Gedalias atribuíram sua calamidade à negligência em oferecerem fumaça sacrificial e ofertas de bebida à Rainha dos Céus.
 
Acima representação moderna
 idealização da deusa Inanna

Deusa Inanna

Fui até lá de livre vontade
fui até lá com meu vestido mais lindo
minhas jóias mais preciosas
e minha coroa de Rainha do Céu
no inferno
diante de cada um dos sete portões
fui desnuda sete vezes
de tudo o que pensava ser
até que fiquei nua daquilo que de fato sou
então eu a vi
ela era enorme e escura e peluda e cheirava mal
tinha cabeça de leoa
e patas de leoa
e devorava tudo que estivesse a sua frente
Ereshkigal, minha irmã
ela é tudo o que eu não sou
tudo o que eu escondi
tudo o que eu enterrei
ela é o que  eu neguei
Ereshkigal, minha irmã
Ereshkigal, minha sombra
Ereshikigal, meu eu

Texto e imagem reproduzidos de:
sagrado-feminino.blogspot.com


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Fragmentos de poemas dedicados a Inanna

" (...) Eu sou o braço do guerreiro,
a flecha que traspassa o inimigo (...)"

[...]

"(Vós) ... Que estais coberta com o seu sangue,
Que rondais tempestuosamente as grandes batalhas,
Que pisais os escudos,
Que provocais a chuva-enchente,
Grande rainha Inanna experiente em planejar o ataque"

Texto reproduzido de:
http://dragaosumeriano.blogspot.com/
Sugere-se que essa deusa deva ser identificada com a deusa sumeriana da fertilidade Inana, a Istar babilônica. O nome Inana significa literalmente “Rainha do Céu”. Istar, a deusa babilônica correspondente, era qualificada nos textos acadianos com os epítetos “rainha dos céus” e “rainha dos céus e das estrelas”.

Pelo visto, a adoração de Istar propagou-se para outros países. Numa das Tabuinhas de Amarna, escrevendo a Amenófis III, Tushratta menciona “Istar, senhora do céu”.
A menção à Rainha dos Céus, porém, não para por aí, por exemplo: no Egito, certa inscrição do Rei Horemheb, que segundo se crê reinou no século 14 a.C., menciona "Astarte [Istar], senhora do céu", outro fragmento desta vez duma estela encontrada em Mênfis, do reinado de Memepta, rei egípcio de aproximadamente o século 13 a.C., representa Astarte, senhora do céu." No período persa, em Siene (na moderna Assuã), Astarte foi apelidada de "a Rainha dos Céus".

(Epiphanius) Epifânio de Salamina

A adoração da Rainha dos Céus chegou até o quarto século d.C. Por volta de 357 d.C.,
Epifânio declarou o seguinte em seu tratado
Panarion (79, 1, 7):

"Algumas mulheres decoram uma espécie de
carro ou banco de quatro cantos e, depois
de estiarem sobre ele uma toalha de linho,
num certo dia festivo do ano, colocam em
frente dele um pão durante alguns dias e o
oferecem em nome de Maria. Então, todas as
mulheres partilham deste pão.".





Epifânio (79, 8, 1, 2) relacionou tais práticas com a adoração da “rainha dos céus” apresentada em Jeremias (profeta bíblico). — Epiphanius (Epifânio), editado por Karl Holl, Leipzig, 1933, Vol. 3, pp. 476, 482, 483.


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