23 de maio de 2010

PARA CASA "DA CHAPÉU"

Acima uma gravura feita por Gustave Dore
da chapeuzinho deitada com o lobo mau pensando se tratar de sua vovó

Retomando a seção de algumas semanas atrás quando escrevi sobre a história oculta de Alice de Lewis Carrol, trago agora um pouco da história pouco conhecida de alguns personagens da – agora conhecida como – literatura infanto-juvenil.
Antes de começar, no entanto, é importante relembrar um pouco do que já foi dito sobre as características sociais e culturais da Europa do momento em que essas histórias começaram a surgir. Segundo a revista Mundo Estranho, já mencionada em outra postagem “a maioria dos contos de fadas, como chapeuzinho vermelho, surgiu por volta da Idade Média, em rodas de camponeses da Europa, onde eram narrados para toda a família. “a fome e a mortalidade infantil serviam de inspiração”, diz a especialista em histórias infantis Marina Warner da universidade Essex, na Inglaterra.”




Ao lado visão tradicional da chapeuzinho vermelho caminhando 'pela estrada a fora indo tão sozinha' simbolo da inoscência infantil. tão meigo e delicado esse desenho!







Acima uma visão moderna da nossa doce chapeuzinho vermelho. É lógico que na Idade Média não existia moto, mas a imagem até que é bem legal não é verdade?

E é exatamente neste clima de fome, mortalidade infantil e epidemias que a jovem chapeuzinho cresceu e ganhou na França uma variante sangrenta. Nesta o lobo após o já conhecido interrogatório da menina na floresta corre até a casa da vovó a mata e esquarteja e depois de se disfarçar de adorável vovó peluda oferece para o banquete da netinha a carne da vovó de verdade e claro para matar sua sede nada melhor do que uma jarra de sangue fresco da falecida matriarca. Dá para imaginar uma versão como essa para o cinema de terror de hoje, dá até para imaginar o diretor, que tal James Wan do primeiro filme jogos mortais? Quem seria o lobo mal?
Pensou que acabava por aí? Oh!!! Ledo engano!! Como se não bastasse o assassinato e o canibalismo, esta versão ainda reservava trechos de insinuação sexual e pedófila.

Após o “banquete” o lobo incita a jovem canibal a tirar sua roupa e arremessar no fogo da lareira peça por peça e depois ela é convidada a se deitar totalmente nua com a vovó lobo e... Sem gracinhas quanto aos comentários da netinha sobre o físico da vovó ela diz “como você é peluda, vovó”,”que ombros largos você tem” e “que bocão você tem”.
E já que acima eu sugeri esta versão da história como filme nós poderíamos também ter três finais alternativos. No primeiro a chapéu foge aproveitando um vacilo do lobo dizendo que precisava ir lá fora pra fazer suas necessidades, embora o “lobo pedófilo” insistisse para que ela fizesse xixi ali na cama mesmo. Na segunda versão por algum milagre a menina e a vovozinha sairiam vivas da barriga do lobo (vai lá entender como isso seria possível) graças a um conveniente lenhador que passava pelo local, só para cortar o barato e a barriga do lobão. Já na terceira versão a menina não teria chance nenhuma nem mesmo de aparecer na seqüência do filme, ela seria devidamente “comida” pelo lobo.

E assim depois de ouvir essa história podemos imaginar as crianças camponesas da Europa na Idade Média indo dormir nas suas frias e escuras camas e terem belos sonhos.

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